segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

...Os dias do início



"O Verão foi-se embora. Dele restou um hálito quente e um brisa suave. O calor vai resistindo. Vem-me à cabeça - e talvez essa imagem me chegue devido à mudança que aí se avizinha na minha vida -, um soldado nas suas trincheiras, ansioso por voltar a casa, a resistir a uma morte inevitável. É apenas uma mudança - sopro-lhe. Feliz pela minha - não me concebo. Como o Verão que ainda resiste sem se ceder no seu todo ao Outono. Olho para o mar, esse, como gigante sempre de rosto diferente, esse - sim, esse fica. Para sempre. Eterno. Como esta amizade - assim espero. Vá para onde for - porque vou."




texto tirado de http://nalinhadaslinhas.blogspot.com
obrigadu nandito!!!

domingo, 6 de janeiro de 2013

...Defínição de um Surfista

É impressão minha ou o surf caiu no goto deste mundo e do outro? Sim, não é só agora que a malta se tenha apercebido que surfar é porreiro... Quem não gosta de sol, praia, ondas perfeitas, corpos esculturais e um lifestyle de fazer inveja. Muito poucos, parece-me. É que tanto reboliço em volta do surf, e com cada vez mais malta a querer surfar, entenda-se verdadeiras multidões, é preciso ter atenção que nem tudo o que vem á rede é peixe, ou seja, não é uma prancha debaixo do braço que dita o verdadeiro surfista. É preciso ver que existe cada vez mais malta que quer parecer aquilo que lá no fundo não é.

Como diferenciar? Simples:

-O FÍSICO:
Nem todos os surfistas têm o cabelo descolorado e um six pack no lugar do estômago nem as costa em "V", á surfistas que têm pequena bóias na região da cintura para flutuarem melhor. Um dos pormenores é o SAL, a grande maioria dos surfistas gosta de se passear com o corpo salgado. Não é por desmazelo, é só mesmo por gosto, é como um prolongar a ultima surfada, quanto melhor mais tempo o corpo salgado. Outro pormenor é o bronze o ano todo, Verão ou Inverno, não importa o bronze é castanho assim tipo surro, basta ver a diferença que o fato deixa a separar a cabeça do resto do corpo, é que o fato deixa a sua marca.

-O PSICOLÓGICO:
O surfista tem a personalidade bem vincada. Quando se juntam dois surfistas, a conversa acaba sempre por ir ter ás ondas e surfadas. Não é que não haja outros temas, mas esse é sempre o maior deles, também ocasionalmente sobre bola e as babes. Se estiver off-shore 1.5 metros a entar perfeitos numa praia e o surfista não estiver de queixo caído e a salivar, pronto para entar na água, é de estranhar.



- O AUTOMÓVEL:
O carro do surfista é muito simples de identificar,basta olhar primeiro para o porta-chaves, tem de ter uma chave de quilhas pendurada. O carro é geralmente de grande porte para caber o material todo, em estado de desmazelo acentuado. Sujidade incrustada, isto no exterior. O interior assim que entramos saúdam-nos milhares de grãos de areia entranhados nas fendas dos bancos e em cada centímetro quadrado dos tapetes. Surfista que é surfista mesmo que não tenha a prancha e o fato de prevenção no carro vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, tem pelo menos uma barra de wax, umas quilhas, um shop, uns calções e um rolo de papel higiénico escondido num sitio estratégico para qualquer aperto.
Para desmascarar um carro de alguém que se esteja a fazer passar por surfista é só reparar que normalmente é um Punto de saias, luzes néon, bufadeiras, rádio sempre muito alto a tocar as musicas das feiras. Até pode ter um autocolante na traseira, mas o mais provável é dizer: "Enquanto dás um peidinho, morre um golfinho".

sábado, 5 de janeiro de 2013

...Intestino VS Surf

Não sei o que a minha barriga tem com o mar, só sei que antes de qualquer surfada tenho de cagar, sempre! Acho que deve ser psicológico o mar mexe comigo de uma maneira que eu não me aguento, tem de ser! Se o mar está bom, fico ansioso até estar dentro da água, se está grande fico nervoso, se está pequeno... esteja o mar como estiver e eu for surfar tenho mesmo de fazer cocó! Lá está, não sei explicar o porquê.
Toda a gente "arreia o calhau", eu apenas o faço de uma forma mais descontraída, onde calhar, não me vou esconder, não tenho vergonha, é uma coisa natural, como tal não importa se é domingo pleno mês de Agosto com as pessoas a passar, famílias inteiras munidas de lancheiras com os carros polidos, tipicos domingueiros, não importa de é na praia na vila ou no campo ou até mesmo no Deserto do Sahara. Os meus amigos das surfadas são todos testemunhas disso. Alias tenho sempre um rôlo de "papel " no carro.
Sou uma gajo descontraído, reparem na foto foi tirada num belo domingo de manhã, estávamos todos na conversa, eu a falar, a fumar e a soltar o Mr Brown, depois fui surfar!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

...Cabo Verde - Ilha do Sal

Sal. Nome da ilha. Primeiro o aeroporto, avistado de noite do avião e que de longe parece apenas um porta-aviões, uma estrada de luzes amareladas flutuando sobre a água, no vazio do Atlântico.
Fiquei em Santa Maria, a zona da praia, com o seu longo areal branco, águas quentes e deslumbrantemente transparentes, barcos ferrugento encalhados para sempre na areia. Tudo o resto á volta, é uma deserto rodeado pelo mar e com uma montanha ao meio.

Surfei todos os dias, tive muita sorte com o swell e com o vento, normalmente surfava em Santa Maria, saia do mar apenas para comer e fumar. Quando a maré estivesse a encher, apanhava um táxi que me levava e que mais tarde me iria buscar a Ponta Negra uma praia que fica a 3 quilómetros dos hotéis e era uma onda a rebentar para a direita com fundo de pedra que rebentava a 3 metros do estacionamento também de pedra, não achei muito difícil o drop, também não abusei muito e apanhar a onda muito dentro do pico, se por acaso se falhasse o drop estatelavamo-nos no calhau do estacionamento que estava cheio de malta a tirar fotos que àquela distancia estariam lindíssimas de certeza.


A ilha é pequena e seca parece um deserto de terra, pedras e pó. Num canto da ilha temos as salinas, pequeno porto de pesca e uma antiga fábrica desmantelada. Estive nas salinas e avisaram-me que a concentração de sal é muito grande para não entrar na água se tivesse alguma ferida, olhei para mim e pensei "não tenho ferida nenhuma! sem stress!" esqueci-me que ainda não tinha feito nada todos os dias senão surfar, de manhã á noite, espantado fiquei quando entrei naquela água salgada senti-me todo a arder lembrei-me que estava assado nas virilhas, sovacos, pernas, peito, de surfar o dia todo sem fato.

Em Cabo Verde todos falam português por isso não existe a barreira da língua, o pessoal na água era pouco e bom ambiente. A comida essa sim era maravilhosa, marisco como nunca comi, lagostas, camarão, atum e até a carne era do melhor. O Americo's um pequeno restaurante nada convidativo na vila junto aos hotéis onde fiz as melhores refeições que até hoje tenho memória.

...South Marocco

Cheguei a pensar que fosse dificil a nossa estadia em Marrocos, porque já não era a primeira vez que lá ia, mas apenas estive no norte em Tanger, não fazia ideia como era o sul de Marrocos, mas no segundo dia já andávamos de comboio marroquino sem stress, nem preocupações, fomos de comboio para a vila e voltámos de madrugada para o hotel em cima de um camelo pela praia á beira mar foi a pura da loucura. Antes disso misturámos-nos com o pessoal de um rally que estava a decorrer o Africa Racer estivemos no bivác numa paragem que eles fizeram para pernoitar e arranjar os carros, as motas e os camiões.
Vimos surf shops com os preço idênticos aos nossos e até Macdonalds.
Iamos procurar spots para surfar de táxi, que punha as pranchas em cima do carro e segurava com a mão a outra segurava o volante, ás vezes faziamos mais de 50 kilometros até encrontar um bom spot para surfa, o taxista deixáva-nos na praia e passadas umas horas voltava para nos buscar, pagávamos no fim claro.
As ondas eram quase todas direitas e muito rápidas, aliás Marrocos é o país das direitas, mas muito boas por sinal, a paisagem dentro de água era surreal, na praia passeiam camelos e vendedores de tudo e mais alguma coisa.Chegámos a surfar em picos e ter de partilhar as ondas com mais de 40 outros surfistas, o nível de surf era bastante bom para terem um ideia cerca de 90% do pessoal surfava muito bem mesmo. Conhecemos, Tifnit, Banana Beach, Panoramas, K11, Ancher Point, entre outros spots brutais.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

...Deserto do Sahara

Já que estávamos no sul de Marrocos e ali tão perto do deserto do Sahara resolvemos ir conheçe-lo. Acordámos mais cedo fomos ao hall do hotel onde já se encontrava um grupo de excursões para levar os turistas a conhecer o deserto de jipe, ao falar com os organizadores disseram-nos que eramos as únicas pessoas a querer conhecer o deserto naquele dia e visto que os jipes eram de 6 lugares queriam que pagassemos pelo menos 4 lugares para podermos arrancar, isto era 4 x 80€ o que dava a módica quantia de 320€, ainda argumentaram que o jipe era confortavel, tinha ar- condicionado, que o jipe era bom, que subiriamos dunas no deserto, da experiençia única que seria, mas nem se nos levassem ás cavalitas até ao Deserto pagariamos esse preço.
Saímos do hotel e perguntei a um taxista se nos leváva, combinámos o preço de imaginem só... 50€, em que incluia o deserto, conhecermos uma aldeia berbere e ainda a uma praia com o nome de Tifnit que é onde se realiza o mundial de surf, todos os anos.
Claro que fomos de taxi, após muito kilometros e já perto da Mauritania chegámos ao Deserto do Sahara que claro que o taxi um Mercedes 300D do ano de 1980 não podia andar mais, encostámos junto de uma das poucas árvore que havia e fomos a pé explorar o Sahara, deixando o taxista á nossa espera. Andámos apenas umas centenas de metros e vimos os jipes a chegar, subiam uma pequena duna, saiam todos dos jipes por apenas 5 minutos, arrancavam logo de seguida porque chegavam mais jipes.
Lá fomos nós a pé sem limite de tempo explorámos o deserto aberto, naquele mar de areia, vazio, subimos dunas, caminhamos naquela areia avermelhada, avançávamos deserto adentro, deslizamos naquele horizonte sem fim, naquela paisagem imóvel, sem vida e quando nos sentimos saciádos voltámos para trás.
Não sem fazer primeiro uma bela "rotunda" em pleno Deserto do Sahara, vantagens de não ir em excursão.
Agora já posso dizer que fui ao Deserto mas que fui de TÁXI!

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

...Royal Air Marocco

Saimos de Lisboa numa madrugada fria de Janeiro, carregados com as bagagens e as pranchas. Ao fazer o check-in mandaram-nos para um outro balcão para podermos despachar as pranchas, já nesse balcão disseram-nos outra coisa completamente diferente e ainda tiveram a lata de nos mandar ainda para outro balcão que tambem não sabia o que fazer às pranchas nem quanto nos cobrar até que ao fim de algum tempo chegaram á maravilhosa conclusão, as pranchas de surf não pagam taxa extra,que valeu logo o ping-pong de balcões, bendita Royal Air Marocco (R.A.M.).
Entrámos logo em estado de choque quando vimos o avião em que iamos viajar, parecia tirado de um filme do Indiana Jones ainda da primeira sequela, cinzento de hélices, se não era o mesmo avião garanto-vos que era igualzinho, não tinha escadas para subir, a porta do dito cujo servia tambem de escadas, subimos ainda muito a mêdo, quando nos sentámos pus a mala de mão dentro dum compartimento por cima dos nossos lugares onde estavam pães e pacotes de leite, todos espalhados naquele pequeno arrumo. Quanto aos hospedeiros eram um homem e uma mulher falavam árabe e não se calaram o tempo todo no que mais parecia um engate reciproco, ora em arabe ora em inglês, ela alta e com tanta base na cara a tentar tapar as crateras e borbulhas, exageradamente mal maquilhada, ele não muito alto um tipico marroquino daquele que todos nós conheçemos e nos tentam vender flores. Cagaram completamente nos passageiros, estava a esquecer-me de dizer que iam sentados mesmo no banco atrás de nós, parece que naquele dia houve greve da empresa que fornece a comida, mas acham que os nossos queridos hospedeiros avisaram! Percebemos isso quando uma senhora com dois filhos cansada de esperar se levantou e lhes perguntou pelo pequeno almoço á qual eles responderam sentados em inglês num tom agressivo que não havia, continuando a conversar ainda ali com a senhora parada, pasmada a olhar para eles. O avião a hélices vibrava por todo lado, parecia que a qualquer momento ia cair o que se tornava cada vez mais dificil de nos abstrair, O nosso vôo fazia escala em Casablanca quando aterramos, essa sim digna de palmas as quais ninguem bateu penso que ainda aterrorizados da longa e torturante viagem. Já em terra e no aeroporto de Casablanca bebemos café e fumamos alguns cigarros antes de trocar de vôo onde fomos interrompidos já no terçeiro cigarro por uma senhora que nos chamou pelo nome e nos dizia que o avião que seguia para o sul de Marrocos estava á nossa espera para arrancar, corremos atrás dela até ao avião que para grande espanto nosso não era o mesmo, era um "normal" com escadas para podermos entrar e tudo, um verdadeiro espectáculo, o resto do vôo sim correu ás mil maravilhas com direito a pequeno almoço e tudo. Soube mais tarde que todos os vôos que entram ou saiem de Marrocos são naqueles aviões de hélices da R.A.M. e atenção não cobram taxa extra para as pranchas.
O vôo de regresso foi fotocópia da nossa ida, desta vez já mentalizado na volta levei um livro da Angelina Jolie muito mau por sinal, ao contrário da autora e lá me consegui destrair/ abstrair daquele cenário todo.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

... sal no corpo

... começa mesmo antes de ver o mar, antes do contacto com o dito cujo liquido, que tantas alegrias, desgostos, neuras, felicidade, raiva, ternura me traz.
... começa antes mesmo do convivio da malta que sofre da mesma doença que eu, este gosto pelo sal, com quem por mil e um motivos nos identificamos, nos orgulhamos, nos desculpamos, nos toleramos, coitados estão tão agarrados a este sal como eu, sal que não nos sai do corpo, sal que não sai da pele, sal que nos corroi os poros, áspera esta pele salgada, este rosto queimado de excesso de exposição ao sol sem protecção, que tantos kilometros fazemos, tantos carros estragamos, tantas portagens pagamos, que tantas paisagens vemos e palmilhamos em busca das nossas inquietudes, á espera da maré certa, á espera de um swell bom, á espera de um bom vento, á espera de sermos recompensados por este mar espiritual sem leitura, á espera de um possivel encontro marcado.
....começa antes mesmo de vestir o fato ainda molhado da surfada anterior, antes do aquecimento destes musculos que pensam já não aguentar muito mais e ainda se surpreendem, desta minha falta de preparação, de tantos cigarros que fumei e que agora me ressinto, antes deste frio que se entranha na pele nos ossos, antes de entrar na água.
... começa antes de surfar, não sei explicar é uma sensação que não se explica apenas se sente entre amigos verdadeiros deste imenso mar.