terça-feira, 1 de janeiro de 2013

... sal no corpo

... começa mesmo antes de ver o mar, antes do contacto com o dito cujo liquido, que tantas alegrias, desgostos, neuras, felicidade, raiva, ternura me traz.
... começa antes mesmo do convivio da malta que sofre da mesma doença que eu, este gosto pelo sal, com quem por mil e um motivos nos identificamos, nos orgulhamos, nos desculpamos, nos toleramos, coitados estão tão agarrados a este sal como eu, sal que não nos sai do corpo, sal que não sai da pele, sal que nos corroi os poros, áspera esta pele salgada, este rosto queimado de excesso de exposição ao sol sem protecção, que tantos kilometros fazemos, tantos carros estragamos, tantas portagens pagamos, que tantas paisagens vemos e palmilhamos em busca das nossas inquietudes, á espera da maré certa, á espera de um swell bom, á espera de um bom vento, á espera de sermos recompensados por este mar espiritual sem leitura, á espera de um possivel encontro marcado.
....começa antes mesmo de vestir o fato ainda molhado da surfada anterior, antes do aquecimento destes musculos que pensam já não aguentar muito mais e ainda se surpreendem, desta minha falta de preparação, de tantos cigarros que fumei e que agora me ressinto, antes deste frio que se entranha na pele nos ossos, antes de entrar na água.
... começa antes de surfar, não sei explicar é uma sensação que não se explica apenas se sente entre amigos verdadeiros deste imenso mar.

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